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Qual a relação entre osteoartrite e obesidade?

A relação entre osteoartrite e obesidade é bastante próxima, o que fazer: do controle do peso essencial para o manejo da doença.

Osteoartrite e obesidade são colocadas lado a lado sempre que se fala do risco de agravar o desgaste nas articulações característico desse quadro. Ou seja, é preciso ter consciência de que o excesso de peso aparece como fator que pode contribuir para acelerar a evolução do problema1.

Por muito tempo, acreditou-se que isso acontecia por conta da sobrecarga sobre as articulações. Por consequência, isso contribuiria para acelerar o processo de degradação das cartilagens que revestem os extremos dos ossos1.

No entanto, recentemente novos estudos vêm esclarecendo melhor diversos aspectos dessa relação. Hoje em dia, novas evidências mostram que a desregulação de vários processos no organismo por conta do ganho excessivo de peso está associada ao comprometimento das articulações.

Entre esses mecanismos estão o acúmulo excessivo de gordura nas células adiposas, as alterações na resistência à insulina e o desenvolvimento de distúrbios que alteram a funcionalidade do sistema imune e da resposta inflamatória do organismo, agravando o dano às cartilagens1.

A osteoartrite, vale lembrar, também chamada de artrose ou osteoartrose, é uma condição caracterizada pela deterioração das articulações e pela formação de alterações ósseas conhecidas popularmente como “bicos de papagaio”2. Os sintomas mais comuns desse problema são dor, inchaço nas juntas (principalmente do quadril, das mãos, dos joelhos e da coluna) e rigidez matinal. Pouco a pouco, a evolução da doença leva a uma perda progressiva da mobilidade e da funcionalidade2.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase três quartos dos pacientes com osteoartrite têm mais de 55 anos3. Assim sendo, indivíduos nessa condição devem receber orientações sobre as medidas necessárias para manter o problema sob controle, dentro do possível. Todos esses cuidados, que combinam medidas farmacológicas e não farmacológicas, também contribuem para preservar a qualidade de vida depois do diagnóstico2.

Qual a importância da perda de peso no controle da osteoartrite?

Em resumo, manter o peso em um patamar o mais próximo possível do ideal ajuda no controle da osteoartrite e todas as consequências da doença sobre o bem-estar. E uma série de evidências sustenta tal afirmação.

Um estudo de 2018, por exemplo, indicou que pacientes obesos com osteoartrite, que haviam perdido entre 10 e 20% do seu peso corporal em um período de 18 meses, haviam alcançado melhores resultados no controle da dor e na melhoria da capacidade funcional em comparação àqueles que haviam perdido menos peso no mesmo período4.

Outra pesquisa, desta vez com resultados publicados em 2017, indicou que a perda de peso também pode desacelerar o desgaste das articulações 5. Para isso, um grupo de 640 pacientes foi acompanhado ao longo de quatro anos. Em diferentes momentos, eles foram submetidos a exames de ressonância magnética que avaliavam as condições das cartilagens dos joelhos5.

No fim, aqueles que haviam perdido mais peso apresentavam um dano menor ao revestimento das articulações dessa parte do corpo. Uma redução do peso de apenas 5% já trazia benefícios nesse sentido, mas quanto maior a redução da massa corporal, mais preservadas as cartilagens ficavam5.

Vale sempre reforçar que perder peso não traz benefícios apenas para os quadros de osteoartrite. A obesidade (que fica caracterizada quando o índice de massa corporal ultrapassa 25) está associada a problemas de saúde crônicos, como diabetes, doenças cardiovasculares e até mesmo alguns tipos de câncer6.

 

Como se manter ativo mesmo com as limitações causadas pela osteoartrite?

De forma geral, o controle do peso para qualquer pessoa envolve a manutenção de uma dieta equilibrada, que reduza a quantidade de alimentos ricos em gordura, sal e açúcar, notadamente calóricos, e a prática regular de exercícios físicos6. A OMS, mais uma vez, reforça que adultos devem acumular pelo menos 150 minutos de atividades físicas por semana6.

No entanto, a osteoartrite pode impor alguma dificuldade para que os pacientes se mantenham fisicamente ativos. Nessas horas, a água pode ser uma excelente aliada. Atividades aquáticas, como natação, hidroginástica e hidroterapia ajudam a reduzir o impacto sobre as articulações durante os exercícios2.

Ao mesmo tempo, aqueles pacientes com a dor controlada podem ser incentivados a caminhar de forma mais intensa, andar de bicicleta, fazer exercícios de alongamento, pilates, musculação ou mesmo aulas de dança2.  Essas atividades também podem contribuir para melhorar o condicionamento para as atividades diárias, além de representarem uma parte prazerosa da rotina2.

De todo modo, é preciso sempre contar com uma avaliação profissional antes de começar uma atividade2. Por isso, diante de qualquer dúvida, consulte sempre seu médico (o reumatologista é o especialista responsável por tratar esse tipo de condição). Ele poderá dar orientações personalizadas sobre formas seguras de exercitar-se e assim contribuir no controle do peso.

Quais as demais medidas recomendadas no tratamento da osteoartrite?

Embora importante, o controle do excesso de peso é apenas parte das recomendações essenciais para o manejo adequado da osteoartrite. Ainda que não existam tratamentos específicos que permitam uma cura da condição. Seu acompanhamento adequado ajuda no controle da dor, na preservação da capacidade funcional e na redução da progressão do problema2.

Assim sendo, é necessário associar às medidas não farmacológicas (como o controle do peso e a prática regular de exercícios físicos) a administração de determinados medicamentos, devidamente prescritos pelo médico2.

Na maioria dos casos, os remédios são indicados para minimizar a dor e reduzir a inflamação oriunda da evolução da doença2. Além disso, os chamados modificadores do curso da doença (conhecidos também como condroprotetores) podem desempenhar um papel importante para deter o avanço do desgaste das articulações2.

Assim, em outras palavras, pode-se dizer que osteoartrite e obesidade são dois lados de uma mesma moeda. Ou seja, o controle do peso desempenha papel essencial na evolução da doença. Ao mesmo tempo, é importante considerar as particularidades de cada caso, inclusive para introduzir de forma segura as mudanças necessárias no estilo de vida, como a prática regular de exercícios.

REFERÊNCIAS:

  1. NEDUNCHEZHIYAN, Udhaya et al. Obesity, inflammation, and immune system in osteoarthritis. Frontiers in immunology, v. 13, p. 907750, 2022. Disponível em: <https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fimmu.2022.907750/full> Acesso em: 4 dez 2023.
  2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Osteoartrite (Artrose) – Cartilha. Disponível em: <https://www.reumatologia.org.br/cartilhas/>. Acesso em: 4 dez 2023.
  3. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Osteoarthritis. World Health Organization: WHO, 14 Jul 2023. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/osteoarthritis>. Acesso em: 4 dez 2023.
  4. MESSIER, Stephen P. et al. Intentional weight loss in overweight and obese patients with knee osteoarthritis: is more better?. Arthritis care & research, v. 70, n. 11, p. 1569-1575, 2018. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6203601/> Acesso em: 4 dez 2023.
  5. GERSING, Alexandra S. et al. Is weight loss associated with less progression of changes in knee articular cartilage among obese and overweight patients as assessed with MR imaging over 48 months? Data from the Osteoarthritis Initiative. Radiology, v. 284, n. 2, p. 508-520, 2017. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5548450/> Acesso em: 4 dez 2023.
  6. WORLD HEALTH ORGANIZATION: WHO. Obesity. World Health Organization: WHO, 21 Fev 2020a. Disponível em: <https://www.who.int/health-topics/obesity#tab=tab_2>. Acesso em: 4 dez 2023.

Material destinado ao público geral.
BRZ2322429 – Julho/2024

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