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Saúde mental: terapia pode ser indicada para todo mundo?

Saúde mental e terapia: suporte psicológico pode ser importante no tratamento de diferentes condições psiquiátricas.

Saúde mental e terapia são tópicos que estão lado a lado. No entanto, nem sempre é fácil entender quando é a hora de procurar um profissional capacitado e de que forma esse tipo de suporte pode ajudar diante de momentos de dificuldade. Embora nem sempre exista recomendação para que todo mundo siga esse tipo de acompanhamento, alguns sinais podem indicar que chegou o momento de procurar ajuda especializada. Entre eles estão1:

  • Estresse constante relativo a situações familiares ou de trabalho;
  • Problemas nos relacionamentos;
  • Perda de um ente querido;
  • Alterações e sintomas que não têm uma explicação física (como diminuição de apetite, indisposição, perda de prazer em atividades antes consideradas prazerosas, irritabilidade, excesso de preocupação e desesperança);
  • Quando há indicação da suspeita de um problema psicológico por outro profissional de saúde.

Além disso, é preciso considerar que fazer terapia depende de uma série de aspectos que não necessariamente estariam presentes em outras formas de tratamento. Dessa forma, esse tipo de intervenção depende2:

  • De uma relação de confiança estabelecida com o terapeuta;
  • Crença por parte do paciente de que o terapeuta irá ajudá-lo e de que os objetivos serão alcançados;
  • Existência de um modelo conceitual que traga explicação possível para o sintoma/ problema e um procedimento para ajudar o paciente a resolvê-lo.

No Brasil, o atendimento psicoterápico é orientado por resolução do Conselho Federal de Psicologia. A entidade determina as diretrizes éticas e científicas para esse tipo de tratamento por parte dos psicólogos3.

Do que estamos falando quando falamos em terapia?

De forma resumida, a terapia (também chamada de psicoterapia) pode ser definida como a variedade de intervenções utilizadas para ajudar uma pessoa a identificar e lidar com alterações de humor, padrões de pensamento e comportamentos que estejam prejudicando sua qualidade de vida1. Para isso, são utilizados diferentes métodos, que geralmente se baseiam na comunicação verbal e na relação terapeuta-paciente2.

Seja como for, uma sessão de terapia pode ser feita de forma individual, em casais ou em grupos. Além disso, há profissionais dedicados a atender crianças e adultos. A partir disso, os encontros se repetem geralmente uma vez a cada semana. O tempo médio de atendimento varia entre 45 e 50 minutos4.

O acompanhamento psicoterápico pode ser pontual e durar apenas algumas semanas ou meses ou se estender por anos. É importante ainda que psicólogo e paciente discutam qual o melhor intervalo para as conversas e quais os objetivos do tratamento4.

Em muitos casos, principalmente quando há um transtorno psiquiátrico previamente diagnosticado, a psicoterapia pode ser feita em conjunto com a administração de medicamentos devidamente prescritos por um médico2.

A terapia funciona e ajuda a melhorar a saúde mental?

Conforme aponta a Associação Norte-Americana de Psiquiatria, 75% das pessoas que se engajam em sessões de terapia obtêm alguma melhora com o tempo 5. Ainda de acordo com a entidade, em comparação com pessoas com problemas similares, mas que não recebem nenhum tratamento, aqueles que passam pela terapia alcançam uma evolução de 80% nas queixas relatadas5.

Esses dados podem ser relevantes para mostrar que, ao contrário do que se imagina, a terapia também pode ter um fim. De qualquer forma, converse com o terapeuta e observe se você está notando melhorias no dia a dia com relação aos problemas que fizeram você procurar por ajuda para refletir sobre a hora de parar5.

No sentido oposto, considere que a terapia pode não ser efetiva, por uma série de fatores. Em muitos casos, por mais qualificado e preparado que o terapeuta seja, pode haver obstáculos na construção de uma relação sólida de confiança, parte importante do sucesso do tratamento5. Assim sendo, pode ser necessário considerar a possibilidade de procurar um novo psicólogo.

Como escolher um profissional de saúde mental para começar a terapia?

Por falar em escolher um psicólogo, nem sempre é fácil encontrar o profissional ideal para o seu caso logo de início. Ainda assim, algumas recomendações podem ajudar a reduzir a margem de erro e obter o maior benefício possível das sessões de terapia. Por isso, avalie sempre que possível aspectos como1,5:

  • A formação do profissional, incluindo se ele tem alguma especialidade (atender crianças ou casais, por exemplo) e se conta com licença para atuar na área;

  • Quais as abordagens terapêuticas utilizadas pelo profissional e se elas contam com respaldo científico, inclusive com relação à sua queixa;
  • Quais os objetivos propostos pelo profissional e como ele conduzirá o tratamento, incluindo intervalo e número de sessões;
  • Compatibilidade com suas crenças e valores pessoais e culturais.

No mais, é preciso considerar ainda se os custos de terapia são compatíveis com aquilo que você pode pagar. Quem conta com plano de saúde pode checar em que circunstâncias esse tipo de atendimento é garantido pela cobertura.

Quais as diferenças entre as principais abordagens psicoterápicas?

A terapia como conhecemos hoje surgiu entre meados do século 19 e começo do século 20. Desde então, embora muitos dos princípios básicos sejam os mesmos, várias abordagens foram evoluindo concomitantemente ao redor do mundo. Abaixo, listamos as características de algumas delas, o que é relevante na hora de procurar esse tipo de atendimento.

Terapia cognitivo-comportamental

A terapia cognitivo-comportamental, ou apenas TCC, parte do pressuposto de que os indivíduos atribuem valores a determinados acontecimentos, pessoas ou situações ao seu redor e a partir disso comportam-se de certa maneira e elaboram hipóteses tanto sobre sua identidade quanto sobre seu futuro6.

A origem da TCC remonta aos anos 60. O psiquiatra norte-americano Aaron Beck notou que pacientes depressivos apresentavam uma visão pessimista do mundo, fazendo com que eles tivessem expectativas negativas com relação ao resultado dos seus comportamentos e sobre as perspectivas a respeito si mesmos6.

Na prática, essa abordagem faz com que o paciente consiga, com o tempo, identificar e desfazer essas concepções que o levam a comportamentos e pensamentos disfuncionais, favorecendo a saúde mental6.

Hoje em dia, a TCC costuma ser a opção mais recomendada para o tratamento de uma série de condições psiquiátricas (como depressão e ansiedade), com um grande número de evidências que sustentam sua efetividade7.

Psicanálise/Terapias psicodinâmicas

Já na abordagem psicanalítica, o terapeuta recorre a livre associação, onde o paciente fala livremente o que vem a sua mente durante a sessão. A partir do conteúdo da fala, o analista tenta alcançar o que seriam conteúdos latentes daquilo que se chama de inconsciente2.

Para os adeptos dessa linha teórica, o sofrimento psíquico teria origem no jogo de repressão que todos nós fazemos com pensamentos e aspectos difíceis da realidade, por uma série de mecanismos de defesa que muitas vezes se manifestam na forma de diferentes sintomas2.

Embora muitos dos pressupostos da psicanálise ainda sejam os mesmos propostos por Sigmund Freud no começo do século XX, com o tempo várias correntes vêm atualizando essa perspectiva de abordagem2.

Terapia comportamental/Análise do comportamento

A análise do comportamento trabalha com a ideia de que com o uso de determinadas técnicas é possível eliminar comportamentos inadequados e respostas emocionais consideradas indesejadas2. Para isso, são utilizados conceitos como contingências e reforços, por exemplo2.

Para entender melhor isso, basta pensar em uma criança que faz muita birra. No fim, a atenção que os pais desprendem com ela sempre que a birra surge reforça tal comportamento. Enquanto isso, remover a resposta ao choro pode eliminar esse hábito indesejado com o tempo.

Algo parecido acontece com fobias, no qual a exposição a determinado estímulo gera o comportamento de fuga, que provoca o alívio no desconforto e faz com que o paciente evite novamente aquela situação, gerando um círculo vicioso. Com isso, técnicas de exposição ao objeto da fobia podem ser utilizadas8.

Gestalt-terapia

A gestalt-terapia considera o indivíduo como um todo e concentra esforços para que ele possa ampliar a sua percepção ao seu redor, levando adiante seu processo de desenvolvimento e a responsabilidade sobre seus atos9.

Para isso, é considerado sempre o momento presente, permitindo que o paciente consiga descrever e encontrar uma finalidade para a sua forma de agir. Ou seja, as sessões procuram não apenas entender como algo acontece, como também o porquê por trás disso.

Assim como acontece com outras abordagens, a gestalt-terapia pode ser utilizada com diferentes públicos e em diferentes circunstâncias, incluindo até mesmo pessoas que no momento não estejam passando por nenhum tipo de conflito pessoal9.

Essa, claro, é uma pequena amostra de como saúde mental e terapia podem ser aliados em prol de uma vida mais satisfatória.  De todo modo, não há recomendação universal sobre o que funciona em todos os casos, então é importante entender o que funciona no seu caso e tirar dúvidas com um profissional de confiança sempre que necessário.

>REFERÊNCIAS:

  1. NATIONAL INSTITUTE OF MENTAL HEALTH. Psychotherapies. Disponível em: <https://www.nimh.nih.gov/health/topics/psychotherapies>. Acesso em: 23 nov 2023. 
  2. DE LIMA OSÓRIO, Flávia et al. Psychotherapies: introductory concepts for healthcare students. Medicina (Ribeirão Preto), v. 50, n. supl. 1, p. 3-21, 2017. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/127534> Acesso em: 23 nov 2023
  3. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. RESOLUÇÃO No 13, DE 15 DE JUNHO DE 2022 – DOU. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-13-de-15-de-junho-de-2022-408911936>Acesso em: 23 nov 2023. 
  4. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. What is Psychotherapy? Disponível em: <https://www.psychiatry.org/patients-families/psychotherapy>. Acesso em: 23 nov 2023. 
  5. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Understanding psychotherapy and how it works. https://www.apa.org, 1 Nov 2012a. Disponível em: <https://www.apa.org/topics/psychotherapy/understanding>. Acesso em: 23 nov 2023.
  6. BAHLS, Saint Clair; NAVOLAR, Ariana Bassetti Borba. Terapia cognitivo-comportamentais: conceitos e pressupostos teóricos. Rev Eletrônica Psicol, v. 4, 2004.Disponível em: <http://bit.ly/46soHdC> Acesso em: 23 nov 2023.
  7. CHAND, Suma P. e KUCKEL, Daniel P. e HUECKER, Martin R. Cognitive Behavior Therapy. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470241/>. Acesso em: 23 nov 2023a. 
  8. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION.What Is Exposure Therapy? https://www.apa.org, 31 Jul 2017. Disponível em: <https://www.apa.org/ptsd-guideline/patients-and-families/exposure-therapy>. Acesso em: 23 nov 2023.
  9. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GESTALT-TERAPIA.Gestalt-terapia. Disponível em: <https://gestalt.com.br/institucional/gestalt-terapia/>. Acesso em: 23 nov 2023.

Material destinado ao público geral.
BRZ2322429 – Julho/2024

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